A ​Reforma Tributária, inaugura uma mudança profunda na forma como empresas apuram impostos sobre consumo no Brasil. Para quem atua em compras, controle de custos e cadeia de suprimentos, o impacto vai direto ao coração da operação: o custo real de compra.

Em 2026, inicia a fase de transição para um modelo de IVA dual, com a CBS (federal) e o IBS (estadual/municipal), marcando o começo de uma jornada de simplificação e previsibilidade, desde que a empresa se prepare de maneira correta.

Neste guia, você vai entender o que muda na prática, como o custo real de compra será recalculado, quais riscos e oportunidades observar e quais passos tomar já em 2026 para se posicionar com segurança.

​Reforma Tributária 2026: o que muda no custo real de compra?

Historicamente, o custo real de compra era contaminado por cumulatividade e um mosaico de regras setoriais e regionais. Com o novo modelo da Reforma Tributária, a lógica passa a ser não cumulativa, ampliando o direito a crédito ao longo da cadeia. Na prática, isso tende a:

  • Eliminar o “imposto sobre imposto” nas etapas de aquisição;
  • Ampliar possibilidades de crédito sobre insumos e despesas operacionais elegíveis;
  • Uniformizar regras e reduzir litigiosidade, favorecendo previsibilidade.

Para compras, isso significa recalibrar o cálculo do custo de aquisição considerando créditos recuperáveis e tratamentos de alíquotas diferenciadas (como reduções para produtos essenciais e regimes específicos). O resultado esperado é um custo de compra mais limpo e transparente, com menor distorção contábil, desde que você mapeie a operação com rigor.

Reforma Tributária: quando os efeitos começam a aparecer

A transição ocorre por etapas, e o impacto financeiro pleno não acontece de uma vez só. Em linhas gerais:

  • 2026 — Ano de testes: empresas ajustam sistemas, emitem documentos fiscais com campos de CBS/IBS e simulam regras do novo modelo. O objetivo é calibrar alíquotas e processos sem aumento efetivo da carga no período.
  • 2027–2028 — Início da CBS: substituição gradual de PIS/Cofins e ajuste de regras para crédito amplo.
  • 2029–2032 — Faseada a implementação do IBS: transição progressiva para substituir ICMS/ISS, com coexistência de regras antigas e novas.
  • 2033Plena vigência do novo sistema: CBS e IBS operam integralmente, com o IVA dual consolidado.

Para compras e controladoria, esse cronograma exige planejamento contínuo: o que é piloto em 2026 impacta margem e precificação a partir de 2027, e o desenho de fornecimento interestadual e intermunicipal será crucial na fase do IBS.

Reforma tributária
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Custo real de compra: o que muda no cálculo

O custo real de compra é formado por mais do que preço de tabela: envolve impostos, frete, benefícios fiscais, condições de pagamento e eventuais serviços agregados. Com a Reforma:

a) Créditos fiscais mais amplos

No modelo não cumulativo, créditos financeiros tendem a ser mais abrangentes. Itens como energia, serviços contratados e insumos ganham relevância na formação do custo líquido, possibilitando recuperação que reduz o desembolso efetivo.

b) Alíquotas diferenciadas e regimes específicos

Setores e itens essenciais podem contar com alíquota zero ou reduzida, e alguns segmentos continuam com regimes próprios (monofásico, substituição etc.). Isso impacta diretamente o custo, exigindo mapeamento fino de NCM, CFOP e natureza de serviço.

c) Imposto Seletivo (IS)

Itens considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente terão tributação específica. Para compras, isso pode elevar o custo de determinados produtos e exigir replanejamento de categoria (ex.: substituição de linhas, negociação com fornecedores).

d) Origem e destino nas operações

Com o IBS, a arrecadação no destino reduz a complexidade de guerra fiscal e a multiplicidade de legislações locais. Para quem compra de múltiplas localidades, espera-se maior segurança jurídica e padronização no fluxo de créditos, com efeitos na logística e no custo total.

Riscos que podem encarecer o custo se você não se preparar

Mesmo com um desenho pró‑simplificação, há armadilhas que podem aumentar o seu custo real se negligenciadas:

  • ERP desatualizado: sem campos e regras para CBS/IBS, sua empresa pode perder créditos ou classificar errado operações.
  • NCM/serviços sem mapeamento: erros em classificação fiscal resultam em cobrança indevida, multas e custo maior.
  • Contratos sem revisão: cláusulas de preço, reajuste e repasse tributário precisam refletir o novo modelo para evitar ruptura de margem.
  • Cadastro de fornecedores incompleto: falta de documentos, códigos fiscais e regimes aplicáveis impede apuração correta e aproveitamento de benefícios.
  • Indicadores de compras desatualizados: KPI sem considerar créditos e nova alíquota distorce TCO (Total Cost of Ownership) e decisões de sourcing.

Oportunidades para reduzir custo e ganhar competitividade

Com a Reforma, quem se antecipa pode baixar custo e ganhar velocidade no ciclo de compra:

  • Negociação baseada em custo líquido: incorporar o efeito dos créditos no preço de comparação entre fornecedores.
  • Revisão de mix e catálogo: priorizar itens com alíquota zero/reduzida e revisar alternativas para categorias impactadas pelo IS.
  • Sourcing multi‑região com previsibilidade: redução de variabilidade fiscal favorece contratos mais longos e acordos de performance.
  • Automação fiscal: parametrizar regras para CBS/IBS no ERP gera conciliação mais rápida e menor custo de conformidade.
  • Compras + Fiscal + Controladoria integrados: trabalho conjunto melhora a recuperação de créditos e otimiza cash flow.
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​Como se preparar para a Reforma Tributária: 7 passos práticos para 2026

  1. Diagnóstico de compras e fiscal: faça um mapa da cadeia: origem, destino, NCM, regimes aplicáveis, serviços atrelados. Identifique oportunidades de crédito e pontos de risco.
  2. Atualização de ERP e emissores: garanta que os sistemas comportem CBS/IBS (campos, regras, validações), que NF‑e/NFS‑e tragam os dados simulados, e que relatórios permitam conciliação no novo modelo.
  3. Revisão de cadastros e contratos: padronize cadastros de fornecedores (documentação, regime, CNAE, NCM) e ajuste cláusulas tributárias em contratos para refletir repasses e créditos no novo cenário.
  4. Simulações de impacto: monte cenários (baseline, otimista, conservador) para margens e TCO por categoria, considerando alíquota padrão, reduções e IS. Use isso como base para negociação.
  5. Treinamento e governança: capacite compras, fiscal e controladoria. Defina um comitê de reforma com ritos de acompanhamento de indicadores e plano de correção contínua.
  6. Integração com BI de compras: adapte dashboards para refletir custo líquido (após créditos), lead time fiscal e índice de conformidade por fornecedor/categoria.
  7. Comunicação interna e com fornecedores: alinhe expectativas de preço, prazos e documentação. Transparência acelera a adoção e reduz retrabalho.

Perguntas frequentes (FAQ) sobre Reforma Tributária, compras e fiscal

Quando a empresa começa a sentir efeito financeiro no custo?
Em 2026, o foco é teste e ajuste. O efeito financeiro começa a aparecer a partir de 2027 com a CBS, enquanto o IBS se torna relevante entre 2029 e 2032, com plena vigência em 2033.

O custo tende a cair automaticamente?
Não é automático. O ganho vem de aproveitamento de créditos, classificação correta e ajustes de mix/contratos. Sem isso, dá para perder dinheiro mesmo em um modelo mais simples.

Quem é do Simples/MEI muda algo nas compras?
O regime continua. Entretanto, empresas no Simples podem avaliar opção pela apuração separada de novos tributos para aproveitar créditos quando fizer sentido, isso pede análise de viabilidade.

O que fazer com itens que terão Imposto Seletivo?
Reveja categorias e fornecedores. Em alguns casos, substituições e acordos de longo prazo podem mitigar impactos de custo.

Quais KPIs devo atualizar?
Inclua custo líquido pós‑crédito, taxa de conformidade fiscal por fornecedor, percentual de itens com alíquota reduzida/zero, tempo de conciliação e economia por negociação baseada em IVA.

Checklist de escaneabilidade para sua equipe

  • ERP com CBS/IBS habilitado e relatórios de conciliação
  • NCM/serviços mapeados e regimes aplicáveis revisados
  • Contratos com cláusulas de repasse e créditos atualizadas
  • Simulações de custo por categoria (baseline/otimista/conservador)
  • Treinamento para compras, fiscal e controladoria
  • Dashboards com custo líquido e indicadores de conformidade
  • Comunicação ativa com fornecedores sobre requisitos fiscais

Redefinir o custo é estratégico e urgente

A Reforma Tributária, não é apenas troca de siglas. Ela redefine a lógica de custo e exige disciplina de dados, tecnologia preparada e processos integrados. Quem se mobiliza desde 2026 para mapear créditos, atualizar sistemas e renegociar com base no custo líquido sai na frente: melhora margem, ganha previsibilidade e reduz o custo de conformidade.

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